quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Porta a Porta


Possibilidade de obter lucros acima da média que é que não quer?

Mas quem é que consegue?


Em tempos de crise são vários os desempregados que clicam nos anúncios de internet, por vezes, pouco ou nada explícitos.

«Prestigiada empresa procura…» ou «Grupo de renome internacional procura…», é este o modelo de anúncios mais visto online, é dos mais procurados e ainda dos mais ilusórios.

«Boa tarde, estamos a contactá-lo devido à sua candidatura e gostaríamos de marcar uma entrevista.».

A entrevista é marcada, e após duas ou três palavras e o entrevistador mostrar-se desinteressado pela pessoa que esta se retira da sala. Não passa muito tempo, nos dois ou três dias seguintes são chamados.

«Estamos a ligar-lhe porque foi seleccionado para vir conhecer a empresa e reflectir sobre o trabalho»

Milagre! Depois de várias entrevistas, de várias candidaturas a pessoa pensa que vai finalmente ter um trabalho para que possa «sobreviver».

Pois bem, nem tudo é assim tão simples, directo e linear. Existe uma panóplia de diversões, palavras e atitudes que a empresa tem até conseguir que a pessoa fique com o lugar.

Ora na melhor das hipóteses, vai-se bater porta a porta (vulgarmente abreviado de d2d) e ouve-se «Olá boa tarde, estou a fazer um inquérito sobre seguros de saúde posso dar-lhe uma palavrinha?», e se a empresa for sediada perto da zona do Parque das Nações os inquéritos limitam-se à zona da Grande Lisboa, claro que todos os gastos de deslocação são responsabilidade da pessoa e nunca da empresa.

Outras das hipóteses, é vender livros porta a porta, ora o Circulo de Leitores fez isso até há bem pouco tempo, agora é mais provável ver-se o Sr. da Zon, Meo ou Tv Cabo a vender-nos um pacote que é melhor do que o que temos apenas porque possui mais um canal e é 20€ mais caro.

Na pior das hipóteses é que a empresa seja para os lados de Cascais e leve a pessoa para o Bombarral ou Venda do Pinheiro sem que se tenha conhecimento prévio e sem qualquer meio de saída. Se disserem que se vai fazer o «reconhecimento do território», não se vai conhecer nenhuma empresa, mas sim bater porta a porta e vender telefone onde o «esquema» é vender o «telefone do peixinho e do gatinho» a que o Fernando Mendes, no programa Preço Certo da Rtp1, faz publicidade. Neste caso o combustível será dividido pelas pessoas que vão no carro, sem que a empresa tenha algum prejuízo.

Quanto a pagamentos, bem se formos para os inquéritos só quando se atinge um certo número é que se recebe, normalmente ronda ou 25€ a 50€ semanais, entregues na mão, sem qualquer tipo de descontos para a Segurança Social e sem comprovativos.

No caso das operadoras de televisão por cabo, existe normalmente um ordenado base que ronda os 150€ e pode ir até 250€ sendo depois acrescentado comissões pelo número de vendas, se estas existirem.

Se a empresa estiver a vender «o peixinho e o gatinho» os objectivos tornam-se mais altos, é-se aliciado a ultrapassar as 10 vendas por semana (com as quais os «Chefes» da empresa irão arrecadar mais no bolso) de modo a abrir o «próprio negócio» noutra zona do país; ouve-se falar em 10 mil euros por mês e por vezes mais, o que leva a pessoa a tentar, a ficar e a querer quebrar os limites: mas sem obter qualquer tipo de satisfação.


Em tempos de crise, ninguém dá nada a ninguém e os louros e lucros vão sempre para os «Chefes», ou melhor para os vários Presidentes da Republica que existem espalhados por Portugal e enchem os bolsos à conta do Zé Povinho mais ingénuo.

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