domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Destino das Línguas: que futuro no espaço da UE?



Em O Destino das Línguas: que futuro no espaço da UE? Isabel Casanova, propõe-se dar a conhecer a situação das línguas no território europeu e a elucidar o leitor sobre o futuro das mesmas.



Do multilinguismo que reflecte a diversidade cultural e linguística da União Europeia ao plurilinguismo, ocorrência de várias línguas num mesmo contexto, as línguas são hoje uma preocupação da União Europeia, onde cerca de metade línguas faladas se encontra em vias de extinção. A vontade política de certos países, mostra-se uma mais-valia capaz de lutar contra essa ameaça que é a morte linguista, exemplo disso é a promulgação da lei 7/99 onde consta que o mirandês é elevado ao estatuto de língua.

É neste contexto que Matsuura da UNESCO afirma que esta está “empenhada em promover o plurilinguismo, sobretudo no sistema escolar, fomentando o reconhecimento e a aquisição de pelo menos três níveis de competência linguística para todos: uma língua materna, uma língua nacional e uma língua de comunicação. A promoção da diversidade linguística e cultural está acompanhada de um compromisso em prol do diálogo entre povos, culturas e civilizações”.

Isabel Casanova pensa que o livro alertará o simples cidadão para o que acontece em relação às línguas no seio da UE

Entendendo que a linguagem é apenas uma capacidade humana e que “uma língua é dialecto com um exército e uma frota” (p. 56), fazendo parte da vivência social, temos de saber adoptá-la de acordo com as diferentes situações a que nos expomos.

De certa forma, a língua-mãe é a verdadeira língua e todos os seus sistemas linguísticos derivados podem ser dialectos. Também os dialectos podem ser elevados à designação de língua através de decisão política, elevando-se a norma-padrão. Esta normalização é fundamental para a reprodução do dialecto. O português é assim um dialecto do latim que se considera língua-mãe.

Em Portugal os dialectos, ao contrário de outros países, indicam uma variação mais regional em vez de social, fugindo ao sociolecto e também ao típico falar “à tia”.

As línguas minoritárias apesar do seu reduzido número de falantes, que podem nem ser nacionais, devem ser preservadas e protegidas. Uma língua minoritária é, segundo a “Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias”, tradicionalmente utilizada “num território de um Estado pelos cidadãos desse estado que constituem um grupo numericamente inferior ao resto da população do Estado; e que são diferentes das línguas oficiais desse Estado” (p. 109)

É o governo do país quem define a sua própria política de uso de línguas e tanto designa um idioma como oficial, como atribui a todos os idiomas e até a dialectos o mesmo estatuto oficial, mas a elevação de uma língua minoritária a oficial é essencial para que esta se desenvolva.

O discurso da UE é ambíguo, pois apesar de divulgar a unificação e pluralismo dos Estados-Membros e a protecção das minorias, também descrimina na essência as línguas dos imigrantes. “Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias” refere-se apenas aos direitos das línguas regionais e não os das línguas minoritárias.

As línguas são classificadas como seguras, ameaçadas, moribundas ou extintas conforme o estatuto que têm na sociedade e de acordo com o número de falantes. Uma língua morre quando deixa de ter indivíduos que a usem com um propósito comunicativo. Ao existir um último falante, uma língua pode considerar-se já morta, pois uma línguas sobrevive em função de um locutor e da existência de um interlocutor.

A morte linguística súbita deve-se à debilidade da língua à medida que os falantes desaparecem, já a morte linguística gradual é o processo prolongado e no qual a língua tende a decair. Só as línguas saudáveis emprestam elementos a outras línguas proporcionando-lhes constantes mudanças através das gerações.

Mas línguas têm morrido ao longo da história, este incidente ocorre devido aos falantes optarem por mudar para uma língua com oportunidades mais amplas tanto social como economicamente. De certa forma, o desaparecimento do passado linguístico é uma consequência do progresso, o que leva a uma necessidade de estímulo de diversidade existente como alternativa a uma situação linguística mais normalizada.

As línguas são uma questão importante para os europeus estimulando as suas reacções pois “cada língua alberga uma visão subtilmente diferente do mundo” (p.158).

Esta é uma luta de todos e não só de um ou outro país ou mais uma lei que os governos aplicam, é uma questão de sobrevivência da cultura europeia, um dever de qualquer cidadão, mas o estímulo parte dos superiores. Temos o dever de proteger as línguas em perigo de extinção e aceitar o desafio de aprender novas línguas para um maior entendimento. Contudo, torna-se inegável a dedicação da União Europeia à causa das línguas regionais ou minoritárias nos últimos anos. A ratificação da “Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias” foi um ponto decisivo para a glorificação dos direitos das línguas relativamente a idiomas minoritários, “cada língua é uma grande língua para quem a articula como língua materna. A nossa língua materna é a língua dos nossos sentimentos mais profundos e das nossas mais fortes emoções, a voz dos nossos pensamentos mais íntimos. É a língua dos nossos corações.” (p.119).

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