quinta-feira, 14 de junho de 2012

Bipolaridade à Portuguesa

São vários os ataques do miócardio que a Selecção de Futebol Portuguesa faz todo o povo ter. Mas sempre foi assim, se recuarmos a tempos mais remotos como o Euro 2004, Ricardo, na altura o guarda-redes, teve a proeza de insistir para marcar um penalty decisivo.

«Este gajo é mesmo estúpido, ele defende bolas, não saber marcar!» ou «Pronto estamos arrumados, podemos guardar as botas», eram as frases mais ouvidas, até Ricardo chutar a bola e passar de frangueiro a homem do jogo por ter levado a equipa à final do europeu.

«G’anda Ricardo, nunca duvidei dele, é cá da terra!» ou «O miúdo é o maior, devia ter marcado mais», ouvia-se no fim do jogo.

Em 2004 foi assim, mas oito anos depois… a história repete-se. Oito anos em que os adeptos portugueses e toda uma nação motivada pela participação da equipa nacional num europeu, não aprendeu a estar calada e apenas opinar no fim do jogo. De «burros, estúpidos, ursos, idiotas» sem mudámos num ápice de vocabulários «heróis, os maiores, os melhores, os ídolos». Oito anos que não serviram de nada, oito anos em que erguemos bandeiras por toda a parte, casas, carros, malas, cachecóis, tudo servia de orgulho nacional. Hoje o orgulho nacional depende com os golos e resultados conquistados no Euro 2012. Não há conquistas à milhares de anos, feitos históricos, cultura divinal, cidades europeias da juventude ou da cultura e pérolas do oceano que nos valham. O Euro é fora e as bandeiras ficam também fora!

No jogo contra a Dinamarca, em que os portugueses cantaram grandiosamente o hino por todo o mundo, antes do início do jogo ouvia-se «é desta, isto hoje é nosso, ou vai ou racha!», ao primeiro golo «Este Pepe é o maior não tinha dúvidas!», ao segundo golo, depois de muito contestada a titularidade de Postiga na equipa «O Paulo sabe o que faz senão nem era treinador!». Mas como para Portugal nem tudo é fácil, os golos da Dinamarca foram chegando e foram desmoralizando a nação que antes cantava «A Portuguesa» com todo o orgulho. «São os falhados», «ninguém acredita nesta selecção», «vamos para casa hoje». E veio de lá veio Varela para dar um novo folgo e colocar a selecção de novo na corrida.

Por mais anos que passem… a bipolaridade dos adeptos perdura, somos treinadores de bancadas, desiludidos e ansiosos por todos os lances.

Domingo às 19h25 voltamos a ser bipolares até lá a semana prossegue com normalidade.


Bem-vindos à bipolaridade do povo luso.

1 comentário:

  1. Acho piada à bipolariadade, não sofresse e me divertisse eu tanto dela e com ela, no entanto há uma coisa na qual sou irredutível, um autêntico albarroador, sempre disse, continuo a dizer e ainda não tive provas que me demovessem da opinião: o Cristiano Ronaldo não tem lugar na equipa.

    Portugal não é equipa que trabalha para estrelas a equipa é a estrela... Adeus para sempre Cristiano.

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