domingo, 8 de julho de 2012

Não há desculpas, José Luís Peixoto da P&P

Estivemos à conversa com José Luís Ferreira, fundador da Pessoas & Processos, no âmbito da Gestão de Projectos antes da conferência «Desenvolver a Competitividade de Portugal com a Gestão por Projectos» que se realizou em Lisboa no Hotel Tivoli Oriente, nos dias 20, 21 e 22 de Junho de 2012.


José Luís Ferreira leccionou na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) e foi director do Departamento de de Ciências e Tecnologias da UAL até ter apresentado uma proposta inovadora que a mesma recusou.



- A “Pessoas e Processos” nasceu em 2001 e centra-se essencialmente no Cliente. Quais os principais objectivos da empresa e a sua missão?
A missão tem a ver com criar, ajudar a criar e ensinar a fazer. Nós fazemos desenvolvimento, fazemos gestão de projectos e fazemos formação, tudo centrado no cliente como sempre foi. E temos a preocupação de ter em cada cliente uma atitude de «nós não somos um fornecedor, somo um parceiro». Naqueles que conseguimos ter uma relação de confiança e proximidade, a confiabilidade, que é um termo que nós gostamos, as coisas funcionam porque é essa a maneira como sabemos estar.

- O que é que a “Pessoas e Processos” tem para oferecer que as outras empresas não tem?
Tem esta relação que nós achamos que é diferente. Nós costumamos utilizar a frase «não há desculpas», se nós dissermos que fazemos, vamos fazer. Há um compromisso de continuidade e enquanto o cliente não estiver satisfeito nós não desarmamos. A ideia é win-win em que toda a ganha.

- Quais as mudanças que nota, desde o início da “Pessoas e Processos”, a nível do mercado português, no que respeita à gestão de projectos?
Em 2001, nós começamos com formação e a formação que nós fazíamos na altura, hoje em dia não tem sentido, nem sentido no mercado em que estamos. O que mudou na gestão de projectos foi que nós investimos mais na gestão de projectos, temos mais maturidade, temos mais relacionamento com o cliente. E à uma maior noção por parte das empresas que, para fazer projectos de grande envergadura, é preciso gestão de projectos externa. Hoje em dia, há um reconhecimento da necessidade de um gestor de projectos, curiosamente há ainda uma desvalorização do valor do gestor de projectos.

- A “Pessoas e Processos” foi considerada uma PME de excelência. A que é que se deve este resultado?
A PME de excelência é um título atribuído a questões que têm a ver, pura e simplesmente, com a gestão financeira da empresa. Nós temos conseguido ter crescimento, capitais próprios interessantes, margens de negócios positivas e temos conseguido manter uma estratégia de crescimento e é a isto que se deve sermos uma PME de excelência.

- A “Pessoas e Processos” lançou o Oracle University Masters, uma formação certificada da Oracle para Universidades. Considera que sem a «Pessoas e Processos» esta formação não seria possível, ou que não teria o mesmo valor?

A P&P tem hoje um contrato com a Oracle para entrega da formação Oracle desde o ano passado, o que significa que a formação Oracle deve passar pela P&P e sempre tivemos esta perspectiva de trabalhar com as universidades. O ano passado lançamos este projecto e posso dizer que o resultado foi nulo, não houve nenhuma universidade onde isto tivesse funcionado. Portanto, com ou sem P&P não teria funcionado de qualquer forma, porque há muito pouca gente disposta a pagar formação. O indivíduo comum só faz se for grátis, as empresas é que pagam se precisarem de formação.


- A P&P definiu desde a sua origem chegar um dia aos PALOP, ainda que não o imaginasse possível. Como é que a empresa chegou até Angola?
Quando nós tivemos a nossa primeira reunião de estratégia em 2001, só saiu de lá uma ideia concreta: PALOP, um dia nós vamos para os PALOP. E um dia alguém nos convidou para irmos a Angola trabalhar numa cooperativa de habitação da Sonangol, para desenhar uma solução, mas alguém ficou com a nossa proposta e alguém fez o trabalho por nós. No entanto, no meio destes contactos acabamos por criar algumas relações com pessoas e entidades, uma das quais nos convidou para criarmos uma universidade lá. Na altura eu e o Miguel estávamos na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) e havia todo um interesse em criar uma parceria com a UAL, ajudamos a criar tudo, mas também este projecto acabou por não avançar connosco.
Contudo, acabamos por criar dois tipos de relação com Angola, uma por todas estas ligações e outra através dos alunos da UAL que acabaram por voltar para Angola e que ao ver que nós estávamos a ir para lá no começaram a desafiar e no meio destas conversas todas, acabou por surgir a relação com uma ex-aluna que tinha relações com a Sonangol a quem foi pedido que lhe indicassem uma empresa que em Portugal pudesse fazer o desenvolvimento de uma solução informática e surgimos nós.
É um mercado potencial muito interessante, com todas as dificuldades que os mercados apresentam, mais ainda para um mercado que é cada vez mais um mercado para as empresas angolanas.

- E como é que acha que está a correr esta experiência de estar no mercado em que é preciso ter capitais angolanos?
É difícil, é interessante, tem obviamente excelentes perspectivas e nós estamos confiantes, tenho de o confessar, porque temos um projecto que está a correr e se tudo correr bem, pode abrir-nos portas muito interessantes.

- Nos dias 20, 21 e de Junho decorrer a VI Conferência Internacional dedicada ao tema “Desenvolver a Competitividade de Portugal com a Gestão por Projectos”. A “Pessoas e Processos” esteve presente nas anteriores?
A P&P esteve presente na anterior, eu pessoalmente estive envolvido desde o início no PMI Portugal, mas afastei-me durante alguns anos. No ano passado retornei e estive na conferência, este ano muito provavelmente estarei na conferência a não ser que algo me impeça. E acho que a Gestão de Projectos deve continuar a ser privilegiada como mecanismo para fazer as coisas funcionarem bem.

- Quais as expectativas que tem para esta 6.ª edição?
Estes eventos, para mim, têm muito mais interesse pelo networking que se faz, do reencontro de pessoas, a abertura da discussão e inclusive fora da conferência, porque os temas da conferência são interessantes para depois se discutir. E há sempre relações internacionais que se abrem. Este ano vamos ver, mas as expectativas são positivas. Mas estou muito nesta perspectiva de que o que vale é reencontrar as pessoas e que há uma comunidade que pode funcionar.

- Este ano a conferência terá no primeiro dia um novo formato. No dia 20 de Junho, oradores, docentes e estudantes poderão estar em contacto entre si. Acha que a partilha de experiências entre empresários e futuros empresários pode ser uma mais-valia?
É uma das mais-valias. Uma das falhas que eu sempre senti na minha formação é que não me ensinaram a ser empresário. Eu hoje sou um empresário por acaso. (…) É fundamental que hoje os jovens entrem para o mundo do mercado de trabalho, não na perspectiva de serem empregados, mas na perspectiva das suas competências e do seu valor intrínseco. (…) Ter este tipo de contactos entre quem já fez, quem está a começar a fazer, é fundamental.

- Acha que esta conferência é importante para Portugal e para os alunos que estão a terminar os cursos não perderem a confiança?
Acho que tudo o que hoje se faça para aumentar a confiança é positivo. Nem que seja um Euro2012! Não vale a pena as pessoas continuarem a queixar-se e não levantar o rabo da cadeira, não ir à luta. Houve aí um discurso muito criticado do nosso Primeiro-ministro que disse que «ser desempregado é uma excelente oportunidade», não é, deve ser horrível, mas se nos deixarmos estar na zona de conforto, as coisas não melhoram.

- Se tivesse de deixar uma mensagem aos jovens que estão agora a tentar entrar no mercado de trabalho, o que seria?
Não se limitem àquilo que foi a vida para a qual se prepararam. Quiseram ser jornalistas, ponham a criatividade ao serviço da comunicação, onde quer que seja. Tem que se olhar para as competências e não para a área funcional de trabalho.
Arranjem maneira de se vender, vendam-se! Arrisquem!

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