segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Tic-tac

O tempo passa, os minutos escasseiam, houvesse o tic-tac constante de um relógio já parado, sem vida. Ouve-se o silêncio de uma noite escura onde o silêncio desce e os olhos se fecham, já mortos do desgaste da vida. Pensas ser mais uma, só mais uma em que o frio te gela o sangue que escorre nas veias, que o ar falta e tudo continua igual. Num impulso, saltas! Vês uma luz, pensas na mudança, na verdade, na hora em que conseguiras ter o eu nunca tiveste. Sonhas. Acreditas, queres acreditar mais uma vez e desta vez pensar que no meio da mentira, das palavras soltas em vão, existe verdade. Queres confiar, pensas que pode valer a pena, que agora é talvez um pouco diferente… enganaste-te, foi só mais uma vez no meio de tantas que já não faz diferença. Pensasse-se sempre que conhecemos alguém, confiamos-lhe segredos, desvendamos-lhe os sonhos mais ousados, acreditamos em palavras mudas e sem legenda, revelamo-nos, caímos, erramos, perdemos… 
Na verdade é nisto que consiste a tal dita “vida”, sucessões de confrontos sem nunca invadir nada, sem viver. Tentativas frustradas de se tentar ser sem conseguir, de vencer mas sempre cair, de conquistar mas sempre perder, de viver mas sempre ver a vida passar. 
O cansaço ganha sempre, veloz e arduamente vence qualquer corpo são ou demente, a fraqueza de nos sentarmos a ver o tempo passar, a vida a avançar e o ar a faltar. Tic-tac faz um relógio já cansado de marcar um tempo sem paz, sem vida, sem nada. Parou. Partiu sem se despedir do que não havia para abraçar. Parou, que descanse em paz essa pobre memória, talvez lá longe no infinito encontre o valor do que nunca teve… 

 Tic-tac.

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